domingo, 12 de abril de 2009

Como será amanhã?



Temos sempre a noção e a convicção que temos tudo sob controlo.
Hoje percebo que esse tipo de sentimento só aparece quando tudo está a descarrilar de uma forma incontrolável.


Quando não estamos sós a tua presença é cruel para os meus olhos, tuas palavras ferem-me os ouvidos e teu olhar envenena-me.
Desculpa-me por mais um beijo, por sentir que ainda te desejo.
Desculpa-me por este silêncio, por este egoísmo de ainda te crer.
Não posso deixar que te levem sem sequer tentar me opor.
Ao fundo, do outro lado da parede ainda ouço as tuas gargalhadas, daquelas que só eu te consigo arrancar.
Não quero mais esperar, não quero mais andar.
Agora quero correr, quero voar.
Não quero saber do dia em que te ganhei, nem tão pouco do dia em que te irei perder, quero apenas saber porque é que o meu suspiro ainda te atormenta.
Nunca serás minhas, nunca serei teu, discordas de mim e apelas ao impossível, por fim acabas por concordar.
Queres dar-te mais uma vez, hipotecas-me as hipóteses de recusar porque eu ainda quero mais que tu.
Dás-me um milhão de respostas e justificações para as quais ainda não tenho perguntas e insistes na racionalidade das nossas acções irracionais e irreflectidas.
Por momentos alivio o peso que carrego na minha consciência e esqueço que podemos magoar meio mundo, sem contar com as feridas que nos podemos causar sem dar por isso.
Sonhamos juntos e partimos dali a voar sem nunca sairmos do aconchego da nossa cama, construímos histórias com finais escritos á nossa maneira onde predominam os nossos mais puros desejos.
Imaginamos mil e umas formas de viver e absorvemos todo aquele momento de felicidade até á exaustão, porque para nós é e será sempre a nossa última noite.
Hoje, talvez a lua tivesse brilhado com mais intensidade, mas também as estrelas ficaram mais opacas, mais tristes por saber que existem sentimentos com tais proporções que apenas se podem alimentar nas sombras.
Tenho esperança tal como tu que esta situação nos vá desgastando, que nos afaste, mas tudo o que tem feito é nos aproximar ainda mais.
Não me perguntes o porquê de ter de ser assim, porque essa é uma pergunta estúpida, ridícula e não faz nada o teu género.
Tu dizes…chega!
Eu digo…basta!
Para quê?
Ambos concordamos que estamos a sair fora de controlo, que cada dia é mais recorrente a dependência da nossa presença, que estamos a esgotar todos os limites se é que estes alguma vez existiram.
Mais logo quando estiveres para sair por aquela porta irás abraçar-me e dizer adeus, mesmo que conscientemente saibas que não é verdade.
Também eu alinharei naquela esperança e me despeço de ti para sempre.
No dia seguinte acordaremos felizes e de sorriso nos lábios. Seremos gentis para toda a gente e cantaremos a música que está a passar no rádio porque a nossa energia ainda está mutuamente presente.
Mais tarde, quando essa energia se estiver a esgotar, moveremos montanhas e arriscamo-nos a perder em tempestades, inventamos desculpas e ludibriamos todos aqueles que possam pôr em causa mais um dos nossos momentos.
Recomeça tudo novamente, e o que era só um encontro esporádico, torna-se antes um vício recorrente e cada vez mais arriscado, doce e também necessário para o nosso equilíbrio.

domingo, 5 de abril de 2009

Relações descartáveis



Será pela variedade de oferta?
Loool, também,
mas parece-me sinceramente que existem outras razões...


Relações descartáveis, quem as não tem?
É verdade que uns precisam delas para viver, para se sentirem vivos.
Outros precisam delas para dar e consumir o carinho que por vezes a carência exige.
Outros para alimentar o ego e se acharem o máximo.
E ainda outros porque simplesmente adoptaram essa forma de estar.
Se é a melhor forma ou não, não estou em condições para responder a essa questão.
Obviamente também as tenho e por vezes mais do que queria.
Mas porquê destas relações estarem cada vez mais presentes?
Na minha opinião, o receio do compromisso, a insegurança do futuro, o medo da desilusão, o medo de termos de dar algo de nós correndo o risco de não receber nada em troca, são alguns dos factores de maior relevância para cada vez mais adoptarmos este tipo de relações.
Quando assumimos que gostamos de alguém, estamos sem sobra de dúvidas a hipotecar a nossa alma nesse preciso momento, a prendermo-nos de movimentos, a assinar uma cedência de direitos e deveres.
Mas só vemos isso quando toda a magia do conhecer e da sedução inicial já foi para longe.
E depois?
Depois já não existe nada!
Porque quanto mais o tempo avança, mais as pessoas tendem em revelar-se pelo pior que nelas existe e nunca pelo melhor.
Tendem em revelar-se surpreendentemente pela negativa, de uma forma quase que anormal, fazendo por vezes alguns de nós se interrogarem se foi realmente esta pessoa que conhecemos.
Apologista ou não de uma relação descartável, acho que é uma boa forma de nos sentimos desejados, de desejarmos alguém sem qualquer tipo de compromisso e sem qualquer tipo de promessas que não possamos cumprir.
É ir avançando com a vida sem cobrarmos nada de ninguém e principalmente sem deixar que alguém nos cobre o que quer que seja a não ser o momento.
Hoje felizmente as relações descartáveis são uma realidade.
Felizmente porque acho que é sinónimo de liberdade, é sinónimo de podermos fazer o que desejamos sem termos de nos justificar.
Não deixei de acreditar em relações baseadas no amor, apenas percebi que essas são apenas uma questão de tempo.
Não porque a mentalidade mudou, mas porque hoje temos coragem de assumir que esse sentimento é temporário.
Quantos de nós não passeamos á beira-mar com a nossa cara-metade fingindo que está tudo bem, quando na verdade queremos estar é bem longe dali, daquela mentira.
O que nos impede?
A dependência, nunca o amor.
O medo de ficarmos sós, o nosso egoísmo de não queremos ver e continuarmos a deixar andar…
Não quero de qualquer forma descredibilizar o amor e as relações sérias, até porque eu já amei muito e já tive igualmente relacionamentos sérios a ponto de me marcarem bastante de várias formas.
Não descredibilizo porque sei que de facto é possível existir esse amor.
Mas por enquanto prefiro continuar a amar de uma forma descartável, talvez por cobardia é certo.
Mas assim nenhuma das partes sairá a perder, porque partiremos do princípio que tudo acabou mesmo antes de começar.
Porque há coisas que só avançam devagar…devagarinho.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Para mim chega!!



Por vezes á que por a mão na consciência e analisar friamente algumas fases da vida (boas ou más).
Sentir que estamos sempre a tempo de rectificar situações que nos vão causando embaço e envolvendo terceiros.

Sentir a coragem e a força necessária para nunca nos acomodarmos a nada nem a ninguém.
Porque viver, significa também seguir em frente, virar a página.

Significa renovar o Ar que respiramos e as energias que consumimos.



O mesmo local, as mesmas caras, a mesma conversa a mesma merda.
Desde o inicio do ano que tem sido assim, um género de deja vu constante.
Um "replay" de situações que acabam por desgastar em vez de descontrair.
Olhares cruéis e adormecidos de almas perdidas, flashes de quem já viveu aquelas situações por inúmeras vezes.
Risos forçados e percentagem mínima de gente interessante.
Sentimentos retraídos e olhares carregadas de culpa, amarguras estampadas no rosto e ânsia de quem procura um escape da dura realidade.
Mesmo vendo tudo isso a meu redor, teimo em ser mais uma personagem desse quadro cinzento e promíscuo.
Ontem não fugiu á regra, mais uma noite igual a tantas outras, exceptuando a minha estupidez que teima em aumentar cada vez que participo no ponto de encontro de defuntos disfarçados de pessoas de mente sã.
Também eu ali deixo de ser quem sou, por mais que lute para me manter lúcido, fraquejo e vou caindo numa série de situações ridículas que me levam a conhecer um outro eu. Mais solto, mas espontâneo é certo, mas também mais exposto, mais frágil mais susceptível ao erro a ponto de me envolver em situações que nada têm a ver comigo e de por inúmeras vezes perder a noção de alguns limites por influência do meu amigo Gordon´s e das suas marionetas vivas.
Quando falo de limites, falo obviamente dos meus, os que para mim são aceitáveis, aqueles que eu por critério próprio acho que são toleráveis.
A rotina e a previsibilidade sempre foram inimigas daquele mortal que não gosta de ficar espectador, torna-o mais descrente, mais acomodado, menos sonhador, menos batalhador.
Foi assim que me tornei nestes últimos meses, quase sem me aperceber, abracei e tornei-me o principal aliado da rotina, da banalidade, da futilidade, e da descrença, sujeitei-me a certas situações e embaraços que desconhecia até ao momento.
É verdade que fiz amizades e cimentei outras tantas com meia dúzia de pessoas maravilhosas, mas também é verdade que outros tantos me desiludiram porque simplesmente a sua essência é composta por um facciosismo e por uma frustração irremediavelmente irreparável.
Não posso também esquecer que foi também este ano que por erro próprio e por querer ser leal a principio tais como a verdade, que perdi quem me devia de acompanhar neste momento.
Quem me conhece bem sabe que não cometo o mesmo erro duas vezes, e desde que este ano entrou, que a minha vida tem sido um carrossel á deriva de erros sistemáticos e acções ridículas.
Chega!